O projecto Contra-Bando foi a mais recente aposta da Comédias do Minho. Tratou-se de um espectáculo de Teatro-Dança, que contou com a prestação de uma excelente equipa de profissionais, nomeadamente, seis actores e uma bailarina: Gonçalo Fonseca, Luís Filipe Silva, Miguel Fragata, Mónica Tavares, Rui Mendonça, Tânia Almeida, e a talentosa Ainhoa Vidal, sob a encenação de Madalena Victorino.
Este projecto foi apresentado dentro das casas dos habitantes de determinadas freguesias dos concelhos do Vale do Minho. No caso concreto de Paredes de Coura, desenrolou-se na Seara, Bico, nos dias 27 e 28 de Fevereiro e 1 de Março.
A ideia dos espectáculos serem apresentados dentro das casas, levou a que estas se transformassem em palcos, de forma a haver uma aproximação entre o palco, a terra, artistas, animais e habitantes. Deste modo, os actores transformaram-se em aldeões e os aldeões, transformaram-se em actores: uma mistura que consegue levar àqueles que parecem esquecidos, uma pequena noção do que é o mundo da representação, assim como, arrebatar os actores para a noção do que é a vida rural.
Após ter sido proposto aos habitantes da freguesia a possibilidade das suas casas se transformarem em verdadeiros palcos de teatro, duas simpáticas senhoras, a Dona Esmeralda e a Dona Nilda, abdicaram do silêncio e da solidão em que viviam e cederam as suas casas para que fosse possível a encenação de “Salto da Água” e “A Cozida”.
O “Salto da Água” desenvolveu-se no cantinho de Dona Esmeralda que transmitia uma enorme paz ao público. Por sua vez, a sua casa, em sonhos, transformava-se num rio que ela não conseguia atravessar acabando por se afundar. São sonhos e memórias de Esmeralda, que a encenadora Madalena Victorino tenta transpor para a dança e teatro, recorrendo a vários cenários. Estes identificavam-se claramente com situações do quotidiano rural, sonhos e histórias de Dona Esmeralda. Desta forma, verificou-se a necessidade de recriar vários cenários tais como, a cozinha, o quarto, o quarto de banho, a sala da cruz, a corte do gado e por fim o exterior que, juntamente com uma agradável brisa se tornava no espaço onde os noivos saltavam de uma fotografia e se juntavam aos convidados.
Posteriormente, o espectáculo, designado por “A Cozida”, decorria na casa de Dona Nilda, uma senhora cheia de energia para trabalhar e sempre com um sorriso na cara. Foi encenado o trabalho no campo, a expressão da fadiga estampada no rosto e no corpo, o suor que escorria pela cara de cada um. Deu-se, igualmente, relevância aos animais, nomeadamente, aos cordeiros que após o nascimento eram criados para na altura da Páscoa darem mais uma alegria à gente da casa.
Os produtos caseiros - o chouriço, o pão de milho e a sopa à moda antiga - foram oferecidos ao público, simbolizando uma merenda no final de um dia de trabalho.
De um modo geral, foi uma ideia inovadora que abrangeu um mundo já esquecido da ruralidade portuguesa e que provou como um inocente sonho pode revolucionar a vida recatada de uma pessoa e transformar-se em algo vivido para além do sonho.
Trabalho jornalístico realizado pela turma de Apoio à Infância da Escola Profissional do Alto Minho Interior - EPRAMI Paredes de Coura
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