Em Lara, aldeia do Alto Minho onde todas as histórias acontecem e se misturam, chegam os convidados, sem saber para quê nem porquê, respondendo a um convite excepcional, a um “apelo da alma”.
A companhia de Teatro “Comédias do Minho”, com o seu Projecto “Contra-Bando”, rompe com o conceito de espectáculo de teatro tradicional, retirando actores, encenadora e uma bailarina do espaço fechado da sala de espectáculos. Desafia-os a representar diversas cenas de outros tempos, vividas pelas gentes do lugar de Lara.
Encenou-se uma peça de teatro onde o cenário é a casa, a mercearia, o armazém, a taberna, a rua… As histórias, que partem da vida das gentes desta aldeia, das suas rotinas, dos seus amores, angústias, alegrias, tristezas, medos e esperanças, alteram a calma e o silêncio das suas ruelas apertadas, dos seus caminhos e recantos escondidos...
O nome desta peça!
O nome “Contra-Bando”, remete-nos para tempos em que homens e mulheres do Alto Minho arriscavam a vida no contrabando de tabaco, azeite, sabão… para contrariar e fugir à miséria, levando mais uns tostões no bolso para alimentar as bocas que esperavam em casa. A escolha do nome tem em conta, também, o significado e essência das palavras, porque este “bando “ de actores juntou-se para “relatar” histórias relacionadas com o contrabando, num trabalho contra as regras tradicionais do teatro. Inovando e rompendo pré conceitos, desafiando pessoas com diferentes formações.
Um projecto comum: uma encenadora, Madalena Victorino, um grupo de cinco actores e uma coreógrafa e bailarina.
Os espectadores são convidados a assistir e fazer parte integrante da história, transformando-se por momentos em actores.
Os conflitos de amigos na taberna. As confidências, os conselhos e os sentimentos de duas mulheres que viam o casamento e a felicidade de forma diferente. A angústia de uma mulher abandonada à solidão à espera que o seu amado regresse com o sonho de uma fortuna. A desconfiança no casamento. O poder do padre, a influência da fé e da religião nas crenças e julgamentos dos habitantes de Lara.
O conflito da consciência de um homem que decide enfrentar os princípios da fé e usurpa os cofres da capela ou igreja da Senhora da Saúde, pagando o seu gesto com a vida. A miséria e a pobreza misturam-se com o amor de pai que, querendo a felicidade do seu filho no seu último alento, satisfaz o desejo de lhe oferecer uma prenda.
As histórias acontecem em ambientes naturais da aldeia, com a ajuda e colaboração de quem lá vive. A mercearia e o armazém do Sr. Vilar, a capela da Dona Judite. Os caminhos e as estradas são o testemunho da surpresa com que os espectadores recuam no tempo e se tornam parte do espectáculo.
Depois de assistirmos ao ensaio surgem as conversas para entendermos a essência do projecto e as motivações dos intervenientes.
Que razões levam uma encenadora que trabalha no CCB a vir trabalhar para o meio rural?
Madalena Vitorino - A necessidade de uma valorização do meu trabalho arrastou-me para este projecto que tinha como aliciante o trabalho com uma nova geração de actores, levando o teatro para fora da cidade!
Este projecto permitiu-me como encenadora trabalhar de uma forma diferente, a improvisação, a interacção do público com os actores e a introdução da dança fazem do trabalho uma incógnita não obedecendo a um diálogo previamente estabelecido com regras definidas
O que acha da experiência de trocar o palco do teatro pela “taberna”… de uma aldeia do interior?
Ainhoa Vidal (Bailarina) - No espectáculo com pequenos grupos tudo tem de ser mais trabalhado, tudo se vê. O pormenor tem de ser estudado e preparado para que tudo seja o mais natural possível e parecido com a vida, os espaços são abertos, o público pode ser “mimado” e convidado a entrar nas histórias. Nos grandes espaços, o palco é um lugar preto e vazio, o tipo de luz muda, o espectáculo é dirigido a grandes massas, o actor tem de ir à procura da luz e do público.
O que o seduziu neste projecto?
Luís Silva (Actor) – A companhia pareceu-me interessante, com um trabalho ambicioso, decidi sair de Lisboa e entregar-me ao projecto.
O espectáculo decorreu nos dias 21 e 22 de Março com duas sessões diárias. Os alunos do 8ºA da Escola Secundária de Monção foram os convidados privilegiados para assistir ao ensaio geral no dia 20 de Março.
“A experiência proporcionou-nos um contacto com actores profissionais, e permitiu-nos ser parte integrante do espectáculo”. Concluíram.
Ficha técnica:
Repórteres: Ângela Rodrigues, Liliana Alves, Rafael Barbosa, Vítor Gonçalves
Fotografia: Ana Trancoso e Pedro Alves
Redactores: Cristhiane Sonay, Guilherme Ponte e Sandra Machado
Trabalho Jornalístico realizado pelos alunos do 8ºA da Escola Secundária de Monção.
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